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Nova lei de elegibilidade muda equipes e causa debate

A Copa do Mundo ainda está no começo e muito tem se falado de velhas caras representando novas seleções nacionais como o ex-wallaby, vice campeão do mundo com a australia Christian Lealiifano, que agora atua por Samoa e ex-all-black Ben Tameifuna que atua por Tonga. As mudanças na lei de elegibilidade agora permitem que um jogador atue por duas seleções nacionais sendo utilizada não apenas pelas ilhas do pacífico, mas também por times importantes, com a poderosa África do Sul. Apoiada por uns e criticadas por outros, com os uruguaios se colocando abertamente contra, essa nova lei ainda via ser muito discutida e tem o potencial de mudar a cara de muitas equipes.

Em 2021 a World Rugby mudou seus critérios de elegibilidade permitindo que um atleta atuasse por duas seleções nacionais, estabelecendo algumas exigências. O jogador pode fazer a troca apenas uma vez tendo de ser nascido ou possuir país ou avós nascidos no país da nova seleção, e não pode ter sido convocado pela seleção anterior nos últimos três anos. A medida visa principalmente fortalecer as ilhas do Pacífico Samoa e Tonga. Fiji nos últimos anos desenvolveu seu rugby e tem conseguido manter seus principais atletas atuando na seleção nacional.  

Samoa e Tonga, e em menor escala Fiji, perdem jogadores a décadas para outras seleções mais ricas. Australia e Nova Zelandia são os maiores beneficiados se aproveitando da proximidade e da grande quantidade de migrantes dessa região utilizando frequentemente jogadores nascidos ou descendentes em suas seleções. O objetivo seria dar chance a atletas com poucas convocações, lembrando que depois da primeira aparição o atleta não pode mais atuar por outra seleção e fortalecer as ilhas do pacífico.

Como geralmente acontece com mudanças jurídicas as consequências são imprevistas e muitas seleções viram uma chance de preencher falhas em posições específicas. Gales, Escócia e África do Sul optaram por utilizar a nova lei a seu favor. Os Springbooks, que votaram contra a nova regra e que se orgulham da qualidade dos seus forwards optaram por repatriar o segunda linha Jean Kleyn, nascido na África do Sul e que havia jogado a Copa do Mundo de 2019 pela Irlanda. As nações do Pacífico também não aderiram da maneira esperada optando por convocar veteranos All-Blacks e Wallabies na esperança de uma solução rápida para problemas técnicos específicos.

Enquanto os torcedores ficam excitados com a possibilidade de finalmente as ilhas do pacífico jogarem com força total, muitas nações do Tier 2 se opõe a ideia. Países como Uruguay, Georgia e Portugal investem a anos no desenvolvimento de jogadores e crescimento orgânico se sentindo abandonados pela World Rugby.  A regra prejudica aqueles que investem na base e beneficia apenas os países com uma vasta população migrante, que passam a ter acesso a um novo pool de jogadores sem nenhum custo ou esforço. Se a World Rugby está tão interessada em aumentar a força do Tier 2 porque não criar novos campeonatos, aumentar o número de jogos entre Tier 1 e Tier 2 ou ajudar diretamente o rugby nas ilhas do pacífico, que foi por muito tempo negligenciado pelo rugby mundial.

Ainda é cedo para saber o verdadeiro impacto das novas regras, mas o bom desempenho dos times Tier 2 na Copa do Mundo mostra que essas questões não irão desaparecer e que o debate está apenas no início.

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